As páginas amarelas escorregam pelo sofá. No chão, entornam o copo vazio que vai rolando devagarinho pelo soalho até ao tapete. Aí, o copo bate na borda do tapete, sobe um bocadinho, e desce outra vez, ganhando lanço para voltar a rolar numa elipse lenta e firme, até um ponto ligeiramente afastado do inicial.
O som e o movimento do seu rolar dengoso têm propriedades hipnóticas. Levado por este acontecimento insignificante, dou por mim a seguir a elipse do trajecto num momento infinito, perpendicular ao tempo convencional. No seu embalo, o som do vidro traz um fluxo de emoções que vão entrando e saíndo numa cadência líquida silenciosa. Deixo-me à deriva, assistindo à "passagem de mim mesmo por mim".
Ao despertar, uma conclusão surpreendente: afinal, eras tu que passavas por mim.
domingo, 28 de setembro de 2008
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
terça-feira, 9 de setembro de 2008
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