domingo, 26 de outubro de 2008


Os ritmos do coração são semelhantes aos duma árvore. Uma árvore grande, bonita, aconchegante e bem cheirosa.

Nada se passa no coração que não seja semeado e regado, sem dias e noites de crescimento e amadurecimento, sem estações e períodos propícios a cada mudança e a cada nascimento.

Não se pode pôr alguém no coração dum dia para o outro. São precisas experiências, sementes, gestos, chuva, entrega, e que nascam flores bonitas que dêem lugar a frutos.

Nem se pode tirar alguém do coração dum dia para o outro. A poda é dura. O tôco fica vazio por uma ou duas estações, até que vá nascendo um caule, uma folha, uma flor, no lugar do tronco cortado. É preciso cuidar da árvore com carinho. Respeitá-la, regá-la, mimá-la.

É, o coração é como uma árvore. Uma árvore grande, bonita, aconchegante e bem cheirosa.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Spinning around

Quando tinha 13 anos, o meu carácter foi em grande parte construído ao som deste disco: Money For Nothing, Dire Straights (mp3). Sim, disco. Eram os lindos anos do vinyl. Pena que as pessoas agora não possam chegar perto duma agulha e sentir essa sensualidade delicada a pousar num disco que se mexe. A deitar vibrações sonoras antes de passarem pelas colunas de som, a agulha a dançar nas imperfeições do disco cambaleante. Agora tudo se passa dentro duma caixa que não se vê nem se sente...

Por acaso, agora que me lembro, ouvia este disco numa cassette (lol). Com um ruído abafado a preencher os silêncios entre as músicas da péssima gravação, e a voz do Mark Knopfler a surgir das cafurnas do gravador Casio, Sony ou Philips.

Ouvir agora este disco em mp3 faz coisas engraçadas ao meu coração. Fá-lo abanar e dar também umas rodas dentro do peito. Bom som este que tive a construír o meu carácter... E boas noites de primavera e verão que passei ao som dele, com a força da vida a despertar na Natureza lá fora e dentro de mim na alvorada da minha adolescência. A pensar numa qualquer miúda universal que nunca cheguei a conhecer, nas aventuras que havia de ter, e em forças que não sabia definir nem compreender.

Graças aos Dire Straits, está tudo ainda vivo dentro de mim e posso voltar a isso sempre que quero.

domingo, 19 de outubro de 2008

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Por mais que me procure, onde me encontro mesmo bem é no brilho e na nitidez redonda da lua cheia.

Não quero nada que não seja simples,
................................................................intenso
................................................................................cru
..........................................................................................verdadeiro
................................................................................................................livre
....................................................................................................belo
..........................................................................abrangente
................................................harmonioso
..................................pleno
.............................................seguro
..........................................................ousado
........................................................................transparente
................................................................................................frontal
.............................................................................enérgico
.............................................................radical
......................................expressivo
...........................................................apaixonante
...................................................................................físico
................................................................................................e real como ela.

Dêem-me esse prato e comê-lo-ei até que a boca se feche na secura mortal. Jurarei fidelidade, comprometer-me-ei, endividar-me-ei, escravizar-me-ei pelo resto dos meus dias para contentamento de todos que fiquem satisfeitos com isso.

Mas não me façam comer a merda que vos alimenta.


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quarta-feira, 15 de outubro de 2008



Um dia destes bazo e deixo esta merda toda pra trás...

Um dia destes bazo e deixo esta merda toda pra trás...



A verdadeira história da laica...

Um dia destes bazo e deixo esta merda toda pra trás

Tie your hair back baby
We're gonna ride tonight (yeah)
We got freaks to the left
We got jerks to the right
Sometimes I get so low - I just have to ride
Let me take your hand
Let me be your guide


segunda-feira, 6 de outubro de 2008

...

Tomar um chuveiro e ficar tempo sem fim a sentir a água quente a caír na cabeça e na cara... esticar-me, tocar com as mãos nos pés, sentir o corpo a sacudir o pó de tempos e coisas tantas... re-aprender a dar cambalhotas... tomar um chá oriental demorado, olhos fechados e nariz bem aberto... sentir o ar fresco de princípio de outono na cara, com cheiros a terra aberta pelo frio...

Tocar... cheirar... entregar-me à sensação. Baixar defesas, acreditar, confiar, envolver-me.